sexta-feira, agosto 19, 2011

80's: What's happening?!?!


Acho que John Lennon não tinha idéia, digo, que dimensão tomaria quando disse/profetizou a frase "The Dream is Over", na faixa "God", de seu 1º álbum pós-Beatles, com a Plastic Ono Band, lançado em 1970. Tenho certeza que não.
Lógico que ele se referia ao fim dos ideais hippies, ao fim dos Beatles, de um ciclo/época etc, mas essa histórica expressão, bem se encaixaria perfeitamente 10 anos depois, na cena rock do começo dos anos 80.

Se por um lado, o início dos anos 80 foi a década marco para a afirmação de um movimento que surgiu na Inglaterra, no final da década anterior, o N.W.O.B.H.M. (New Wave of British Heavy Metal),  que impulsionou a carreira de novos grupos de metal como Iron Maiden, Def Leppard, Saxon, Tygers of Pan Tang, Accept, Quiet Riot, Motorhead, Venom, entre muitos outros.. por outro lado também, foi a década que afetou consideravelmente o som das clássicas bandas de rock dos anos 60/70, que sentiram a necessidade de se reinventarem, se adequarem as novas tendências, para se manterem no topo, pois neste período temos o importante surgimento da MTV, isto é, a ferramenta do vídeo clip (exposição/visibilidade em alta), e ainda novas possibilidades musicais como bateria eletrônica, variados tipos de teclados, entre outras técnicas musicais.

Visto todo esse panorama, podemos exemplicar citando alguns artistas do gênero que sentiram na pele essa passagem de década:

Aerosmith - Clássica banda de hard rock dos anos 70, porém afundada em brigas internas de egos, muitas delas causadas pelo abusivo uso de drogas, somente viu a luz no fim do túnel no começo dos anos 80, depois da inestimável ajuda dos Rappers do Run D.M.C., que regravaram o petardo Walk this way trazendo-os de volta aos holofotes.

Segue o tal vídeo do RUN D.M.C. (com a participação especial de Steven Tyler e Joe Perry), que ressuscitou a banda:

ZZ Top - Autêntica e conceituada banda do blues texano dos anos 70, no começo da década seguinte tornou-se parceiro constante dos vídeo-clips, apelando para mulheres com pouca roupa e carrões desfilando em auto-estradas. Nesse período descartaram a tradiconal bateria acústica pela eletrônica. Veja o que estou dizendo no clip abaixo:
Rush - Power-trio dos mais respeitados nos anos 70, perdeu seu rumo quando resolveu "calar" a guitarra de Alex Lifeson para introduzir teclados e mais teclados ao seu som. Nessa época perderam muitos fans devido a esse novo foco/estratégia musical. Segue áudio da faixa Tai Shan, do álbum Hold Your Fire (1987). Apesar de belíssima música, que fim levou a guitarra de Alex Lifeson ?
Genesis - Fantástico quinteto inglês de rock progressivo, começou a perder força em meados dos anos 70 com a saída de seu cantor principal, Peter Gabriel, e logo depois com a dispensa do clássico guitarrista Steve Hackett. Nos anos 80, embalados pelo sucesso da carreira solo de seu cantor/baterista Phil Collins, provaram da mesma fórmula deste irritando os antigos fans que acusaram os remanescentes de terem "vendido" a banda a Collins em troca de sucesso comercial.    Seria o verdadeiro Genesis aqui ou a extensão da carreira solo de Phil Collins ?
Jeff Beck - Um dos mais inovadores guitarristas de todos os tempos, depois de tanto experimento perdeu literalmente a "mão" nos anos 80 após investir pesado no som eletrônico, uma mostra clara desse período é o medonho e pouquíssimo inspirado álbum Flash, lançado em meados da década. Nem parece o tão criativo Jeff Beck de outros tempos nas 06 cordas.   Com todo o respeito que merece esse indiscutível músico, a única coisa que presta no álbum Flash (1985) é esta versão dos The Impressions, People Get Ready, balada gravada ao lado do amigo Rod Stewart. 
Heart - Considerado o Led Zeppelin de saias, esta elogiada banda feminina de hard-rock da metade dos anos 70, tocou no famoso California Jam 2 em 1978, porém cedeu aos encantos e caprichos da FM na década seguinte, quando não só mudaram seu estilo musical compondo baladinhas, como também seu visual. É inegável a extrema beleza e o dote vocal de Ann Wilson, mas a atitude rocker ficou só no vestuário preto. 
Jefferson Airplane / Starship - Fez história nos anos 60 com seu acid rock e shows intermináveis através da voz inconfundível de Grace slick, após reformulações nos anos 70, abraçaram de vez o pop-rock na década de 80, com canções de fácil assimilação como Sara e We Built this City. Depois de muita "viagem" (no duplo sentido) durante os anos 60, chegou a hora de se ganhar dinheiro, e essa realmente estourou nas FMs dos anos 80.
Yes - Pra começar, abriram a década de 1980 com um álbum de nome Drama. Para piorar trazia um novo vocalista, Trevor Horn, em substituição ao insubstituível Jon Anderson. Não poderia dar certo mesmo. A melhor  coisa que Horn fez foi ter saído do palco para os bastidores na produção do subsequente álbum, o infalível 90125.     Sinceramente a música nem é tão ruim assim, mas foi muita pretensão do Yes lançar um registro sem Jon Anderson.
Kiss - Depois de pintar a cara e cuspir muito fogo e sangue (encenação) nos anos 70, além de ter gerado o hit eterno Rock and Roll All Nite, simplesmente decidiram nos anos 80 se desmascarar, e ainda, no último ano da década, em 1989, emplacar uma baladinha grudenta de novela: Forever. Lembro que quando escutei essa, custei a acreditar que fossa uma música de autoria do Kiss. Torno a dizer, custei a acreditar que fosse o Kiss, na verdade só admiti quando vi o clip na MTV. Surpreendente!!
Queen - Foi outra banda que surgiu no começo dos anos 70 com uma postura rock de temas longos em composições bem trabalhadas, mas que começou a tomar um novo rumo/formato no final da década de 70, consolidando-se nos anos 80, com hits radiofônicos prontos para a FM como Under Pressure, Radio Ga Ga, I Want you Break Free, A Kind of Magic, One Vision, entre outros. Apesar disso, jamais deixaram a qualidade fora de sua obra, ainda que numa canção de fácil consumo. Vídeo polêmico onde Freddie Mercury e cia aparecem travestidos de moças, a propósito a loirinha, perdão, o baterista Roger Taylor, ficou bem parecido mesmo. A música teve uma excelente aceitação na FM da época, muito devido a esse clip. 
Todos esses medalhões citados conseguiram sobreviver as décadas posteriores, continuaram a ser ovacionados com shows lotados, mantiveram esporádicos ou não os lançamentos de material inédito, porém jamais repetiram o feito dos férteis e mágicos anos 60 e 70. 

3 comentários:

Marcelo Oliveira disse...

Irmão! Eu fico bolado com tua dedicação em pesquisar. Este post ficou fantástico! O tema dá pano pra manga, mas o panorama foi muito bem apresentado!

Parabéns!!!

abs

Marcelo Oliveira

Cameleone Rock disse...

Valeu Marcelão,
são comentários como este que nos motivam a ir fundo na informação precisa para continuar postando matéria/material de qualidade.

Grande abraço e longa vida ao Social Rock Club!!

Cristiano Reis disse...

Meus caros !

Permitam-me discordar de alguns pontos de vista apenas com a intenção de criar o debate...hehehe. Com relação ao Yes, não acho que foi pretensão e sim uma infelicidade por parte dos caras. A vontade de continuar e ou de se manter às vezes faz com que não sejam tomadas as melhores decisões. Acredito firmemente que é muito melhor uma grande banda encerrar suas atividades do que continuar gravando algo abaixo do seu nível. Acho que esse foi o caso. É possível estender isso para algumas outras bandas aqui citadas. O Rush foi um pouco diferente porque creio ter sido uma decisão muito consciente (Vide depoimentos no DVD documentário da banda). Infelizmente o resultado deixou a desejar principalmente pros músicos e apreciadores de guitarra como eu.

Grande Abraco !