sábado, março 02, 2013

Jethro "blues and jazz" Tull

Isso aconteceu há 45 anos e se resumiu a apenas 01 registro de estúdio de nome This Was. Sem trocadilho e na real tradução para o português: Este foi.
Esse álbum, que foi o debut do Jethro Tull e traz 10 faixas gravadas entre Junho e Agosto de 1968, foi lançado em Outubro do mesmo ano e é hoje ítem cultuado por fans e admiradores da banda, apesar de não trazer o estilo que marcou e consagrou o Tull na década seguinte, o rock progressivo. 
A propósito, talvez seja este o principal motivo de tamanha adoração, pois trata-se de um momento/fase/era única na história deles.

A clássica capa de This Was
Pegando carona na explosão do blues inglês que acontecia neste mesmo período, fazendo surgir no cenário londrino bandas com Peter Green's Fleetwood  Mac, Savoy Brown Blues Band, Ten Years After, Chicken Shack, e antes ainda, os Bluesbreakers de John Mayall, Cream, Jeff Beck Group, entre outros.. o JT nesta época fazia um som bem similar a todo esse pessoal, porém com um grande diferencial: uma flauta.

Além de todo este panorama, This Was trazia a formação inicial do Tull, o quarteto formado por Ian Anderson (flauta, gaita, vocal), Mich Abrahams (guitarra), Glenn Cornick (baixo) e Clive Bunker (bateria), que é considerado por muitos fans com uma das melhores incarnações do grupo.

Dois marcantes acontecimentos desta época ajudaram a consolidar o som da banda:  a residência no Marquee Club e a participação no 8º National Jazz and Blues Festival de Sunbury. 

No lendário Marquee Club performaram por incríveis 22 vezes, número bem razoável se levarmos em consideração que tratava-se de uma banda recém formada.
Como forma de retribuição ao suporte/apoio da casa, o grupo grava um jazz instrumental de nome One for John Gee, uma homenagem ao gerente do Marquee, John Gee. 


Cornick, Anderson, Bunker e Abrahams em ação no Marquee Club em 1968.   

O oitavo festival nacional de jazz e blues de Sunbury, que ocorreu entre os dias 09 e 11 de Agosto de 1968, foi uma bela vitrine para o quarteto pois colocou-os para atuar junto a artistas já consagrados (Jerry Lee Lewis), experientes (John Mayall) e a novatos de extremo talento (Deep Purple) que surgiam no período.
Veja abaixo o extraordinário line-up do evento.  

Programação do 8º National Jazz and Blues Festival de Sunbury (1968)

Para compreender o que foi realmente o Jethro Tull deste período, segue abaixo material de época que tanto agradava Mick Abrahams. 

O vídeo abaixo é de uma apresentação em 1969, já com o 4º, pasmem, guitarrista, Martin Barre (que está até hoje na banda). Barre havia substituído David O'List (ex-Nice), que por sua vez havia substituído Tony Iommi (ele mesmo, na época futuro co-fundador do Black Sabbath), que havia entrado no lugar de Mick Abrahams, que deixou o posto em Novembro de 1968 (ufa!)
O detalhe da levada blues aqui nos remete ao Tull dos primórdios (67-68). Repare que Anderson não era só craque na flauta.



Essa é a tal homenagem da banda ao manager do Marquee que apostou nos garotos. Aqui temos o Tull numa pegada mais jazzy.




Seguindo, temos o audio de mais uma versão da clássica Stormy Monday Blues, direto dos arquivos da BBC, gravada em 05 de Novembro de 1968. 
Que tal ao invés de harmônica um blues com flauta? 
Irretocável!



Nesta instrumental de quase 06 minutos, a pancada come solto na leitura de Mick Abrahams para o petardo Cat's Squirrel, rivalizando com o Cream que já o havia feito em seu álbum de estréia Fresh Cream (1966). 




Infelizmente, divergências musicais entre Anderson, que preferia o som acústico do folk com doses de jazz, e Abrahams, que preferia os improvisos e viagens do blues-rock tão em voga na época, não permitiram que essa linha musical super interessante tivesse maior vida útil. 
Por esse motivo Abrahams deixou a banda e foi fundar o seu Blodwyn Pig. Mas isso já é outra história..

Até mais!

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